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“Virou esporte nacional criticar o governo”, diz Delfim Netto

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por Guilherme Barros

Na semana passada, o ex-ministro Defim Netto gerou grande polêmica ao criticar o malabarismo criativo usado pelo governo para conseguir atingir a meta de 3,1% do PIB do superávit primário. Muitos interpretaram como um sinal de que um dos maiores defensores da atual política econômica teria aderido ao bloco dos críticos do governo.

Em conversa com o blog, Delfim Netto nega que tenha se tornado um crítico da política econômica do governo. Sua preocupação não é com a política de câmbio e juros, mas com as relações do governo com a iniciativa privada.

“ O meu problema não é com a área econômica e nem com a política de câmbio e juros, e sim com as relações do pessoal do governo que faz a interface com a infraestrutura. A interface do governo com o mercado tem uma cara muito feia”, diz Delfim. “Vamos ter que fazer leis de altíssima qualidade para poder capturar o setor privado”.

Delfim não esconde sua preocupação com o pessimismo generalizado, hoje, no País. “Há um catatrofismo implícito nas pessoas. Simplesmente, as pessoas não querem acreditar que pode haver uma melhora.

Para  Delfim, há um exagero evidente na maior parte das críticas. Ele acha corretas, por exemplo, as críticas à contabilidade criativa do governo para atingir a meta de superávit primário do ano passado.

Sobre esse malabarismo nas contas do governo, Delfim afirma o seguinte:

“Foi falta de senso e mais nada. Já reconheceram que estava errado e acabou. Nunca mais se repetir. Foi uma invenção do pessoal de baixo. Não adianta ficar batendo em cima disso, como se fosse uma coisa insolúvel”.

Já em relação às críticas à política econômica, Delfim acha que há exageros. Ele cita o exemplo do que aconteceu com a energia. Apesar de ter ocorrido uma melhora, ele diz que ainda tem muita gente falando sobre a necessidade de se fazer racionamento. “Isso abala enormemente a disposição de se investir no País”, diz ele.”A crítica está exagerada. Virou esporte nacional”.

No que diz respeito à alta recente da inflação, Delfim diz que não será com a elevação dos juros, como muitos defendem, a solução para o problema. A alta da inflação se deve, basicamente, ao aumento de preços no setor de serviços, e não será com os juros que esse problema sera corrigido, a não ser que se faça uma brutal recessao no País.

“Essa inflação é basicamente uma inflação de serviços. Não será com a elevação dos juros que será reduzido o salário da empregada doméstica. Para isso acontecer, é preciso ter uma taxa de desemprego monumental”.

Para Delfim, a saída para o governo para corrigir esse desequilíbrio no mercado de trabalho é aumentar a oferta de mão-de-obra no País. Delfim sugere, para isso, que, em primeiro lugar, se faça um enorme esforço para uma preparação rápida de profissionais.

“Não é para se formar cientistas mas para ensinar as pessoas a mexerem em computador”, diz Delfim.

Uma outra ideia, na opinião de Delfim, é a de abrir as portas para a imigração de profissionais de países como Espanha, Portugal, Itália e França, que enfrentam problemas sérios de desemprego.

“Vamos trazer um milhão de engenheiros e pedreiros espanhóis, franceses, italianos e portugueses para o Brasil. Leva uns 25 anos para se produzir um engenheiro. Quando você traz um pronto, é um ganho enorme para o País”.

Delfim diz que tem que se acabar com os cartórios que ainda existem no País e abrir para a imigração de profissionais de fora. Ele lembrou que, recentemente, leu notícia no jornal que o Comitê Olímpico Brasileiro tinha reclamado o uso da palavra Olimpíada num evento chamado Olimpíada de Matemática, numa atitude que mostra, na opinião de Delfim, esse sentiment de cartório, de monopólio que ainda prevalece no Brasil.

Defim prefere não fazer uma previsão para o crescimento do PIB para este ano. Segundo ele, se o governo fizer tudo direito, há condições de o País crescer de 3% a 3,5%, caso contrário teremos de novo um crescimento pífio de 1%. Mas Delfim acha, no entanto, que a president Dilma Rousseff tem trabalhado na direção certa. O problema, a seu ver, é na execução.

“O governo precisa criar um ambiente amigável com o setor privado”, diz.

Delfim não vê razões também para promoveu uma mudança na equipe econômica. “Não tem razão para trocar o Guido Mantega. Ele é um bom profissional. Depois, se o governo ceder às críticas e trocar o ministro, perde o controle e o próximo também fica com muito medo de ocupar o cargo”.

 

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